02 de Julho Consolidação da Independência do Brasil

02 de Julho Consolidação da Independência do Brasil

Antecedentes

A Independência da Bahia foi um movimento iniciado em 19 de fevereiro de 1822 e com desfecho em 2 de julho de 1823, motivado pelo sentimento nacionalista e que terminou com a expulsão das tropas Portuguesas no Brasil, adesão da província da Bahia ao Império e reconhecimento do Brasil com status de nação soberana e independente pela comunidade internacional da época.

A cidade do Salvador adere com entusiasmo à Revolução liberal do Porto, de 1820 e, com a convocação das Cortes Gerais em Lisboa e se faz representar de deputados imbuídos da defesa dos interesses locais. Divide-se a cidade em vários partidos, o liberal unindo portugueses e brasileiros, interessados em manter a condição conquistada com avinda da  corte para o Brasil de Reino Unido, e o partido Português  interessado na volta ao estado  anterior (Colônia ultramarina) a chegada da família real Portuguesa ao Brasil.

As divergências se acirram, de um lado, portugueses interessados em manter a província como colônia, e do outro, brasileiros, liberais, conservadores, monarquistas e republicanos se unem, em torno da unidade nacional, do reconhecimento da Monarquia e da autoridade de D. Pedro Príncipe Regente do Brasil.

O retorno de D. João VI a Portugal (abril de 1821) e a carta das Cortes ordenando o retorno imediato do Príncipe Regente a Lisboa, deixou claro  aos brasileiros que a antiga metrópole não aceitaria a o estatuto político (1815) do Reino do Brasil no âmbito do Reino Unido a Portugal e Algarves.

A 12 de novembro de 1821, soldados portugueses saíram pelas ruas de Salvador, atacando soldados brasileiros, em confronto corporal na Praça da Piedade, registrando-se mortos e feridos.

Em 31 de janeiro de 1822 uma nova Junta foi eleita e em 11 de fevereiro chegou a notícia da nomeação do Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo como Comandante das Armas da província baiana.

A nomeação do Brigadeiro Madeira de Melo foi repudiada pelos brasileiros e em vista desta situação este procurou angariar apoio perante os comerciantes portugueses da cidade, além dos regimentos de Infantaria (12.º), de Cavalaria e das unidades da Marinha Portuguesa. Por seu lado, os brasileiros na Bahia contavam com a Legião de Caçadores, o regimento de Artilharia e o 1.ºRegimento de Infantaria.

Na Bahia, constituíram-se três facções, que manteriam a luta acesa:

  • Partidários da manutenção do regime colonial — quase que exclusivamente integrado por portugueses;
  • Constitucionalistas do Brasil — defensores da permanência do Brasil na condição de Reino Unido ,integrado por portugueses e brasileiros; e
  • Republicanos —adeptos da emancipação política, com a adoção de um regime republicano (à semelhança dos Estados Unidos), integrado quase que exclusivamente por brasileiros.

A Luta

Os partidários da independência reuniram-se em Cachoeira e decidiram que todos ficariam do lado de D. Pedro e contra a coroa portuguesa. Proclamaram uma Junta Conciliatória e de Defesa, para governo da cidade e em sessão permanente e foi constituída uma caixa militar e lançada uma proclamação ao comandante da escuna portuguesa para que cessasse o ataque, obtendo como resposta uma ameaça de bombardeio e invasão da cidade.

O povo reagiu e ocorreu  o primeiro combate pela tomada da embarcação que, cercada por terra e água, resistiu até à captura e prisão dos sobreviventes, em 28 de junho de 1822. As vilas do Recôncavo foram aos poucos aderindo à de Cachoeira. Salvador tornou-se alvo de maiores opressões de Madeira de Melo, e o êxodo da população ganhou intensidade.

As Vilas e localidades se organizaram para um combate, treinando tropas, cavando trincheiras. Posições estratégicas foram tomadas nas ilhas do Recôncavo, em Pirajá e Cabrito. As hostilidades iniciaram-se e a notícia se espalhou pela Bahia e nas demais províncias do Brasil.

Em Cachoeira foi organizado um novo Governo, para comandar a resistência, a 22 de setembro de 1822, sob a presidência de Miguel Calmon do Pin e Almeida, futuro Marquês de Abrantes.

Proclamada a Independência do Brasil em  07 de Setembro 1822, foi enviada ainda em outubro o primeiro reforço aos patriotas baianos, sob o comando do general francês Pedro Labatut. Era uma tropa constituída quase toda por portugueses e/ou mercenários, já que ainda não existia um exército verdadeiramente nacional. O seu desembarque foi impedido, indo aportar a Maceió, em Alagoas, de onde veio, por terra – conseguindo assim arregimentar mais elementos para reforçar o contingente. Labatut assumiu o comando das operações, sendo mais tarde substituído nessa função pelo general José Joaquim de Lima e Silva.

Tendo recebido reforços de Portugal ( 750 Soldados e oficiais) o Brigadeiro Madeira de Melo desferiu um grande ataque as tropas brasileiras em Pirajá, conduzindo as suas forças para a Estradas das Boiadas . A luta foi tremenda, mas após quase cinco horas de batalha, as tropas brasileiras estavam ao ponto de recuar. Os Portugueses avançavam certos da vitória, quando de repente ouviram um toque de avançar cavalaria e degolar. O corneteiro Luís Lopes mudaria por conta própria o toque de retirada pelo de ataque, que provocou desordem e pânico nas tropas Portuguesas.

Estratagema providencial do Corneteiro Luís Lopes, transformou subitamente a derrota em Vitoria. Os Portugueses temerosos da presença dessa cavalaria imaginária, com que não contavam, recuaram e as tropas brasileiras avançaram rumo a vitória. O exército Português derrotado não pôde avançar rumo ao recôncavo e se aquartelou na capital da Bahia para organizar a resistência.

A Vitoria

Em maio de 1823, chegou à costa da Bahia a esquadra comandada por Lorde Britânico,  primeiro Almirante do império Brasileiro e futuro Marquês do Maranhão  Thomas Cochrane (veterano das guerras de independência na Argentina e Chile), para participar do bloqueio marítimo à capital da província.

A derrota final de Madeira se deu em 2 de julho pois estava cercado por mar e por terra e sem acesso a suprimentos para suas tropas. Neste contexto o Brigadeiro Madeira Melo resolveu abandonar a cidade de Salvador. Derrotado embarcou, com o que lhe restava de tropas, cerca de quatro mil e quinhentos homens, que tomaram 83 embarcações.

As primeiras tropas brasileiras que entraram na capital foram as estacionadas em Pirajá e seguiram até São Caetano, sob o comando do coronel João de Souza Meira Girão, trecho da antiga “estrada das boiadas” que, depois, passou a chamar-se Estrada da Liberdade. Teriam sido recebidos, segundo a tradição, por um arco do triunfo feito em flores pelas irmãs do Convento da Soledade. Também ali seguiam José Joaquim de Lima e Silva, à frente do Batalhão do Imperador e o Coronel Antero José Ferreira de Brito com os homens que tomaram as trincheiras da Lapinha e Soledade.

Ao todo chegam a Salvador no dia 2 de julho de 1823 8.686 heróis famintos, maltrapilhos, mas orgulhosos. Desfilaram perante o povo baiano da Vitoria (Por isto o nome), Campo Grande (cujo o nome é Praça dois de julho), Avenida sete de setembro, Piedade até a Praça municipal.

Mas uma vez na nossa história o Brasil renasceu na Bahia, trezentos e vinte três anos após o seu primeiro nascimento.

Engenheira Márcia Ângela Nori

Presidente do SENGE-BA

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