10º Consenge: Abertura

10º Consenge: Abertura

Fotos por Adriana Medeiros

Homenagens a Rubens Paiva e discussões sobre um projeto para o Brasil marcaram a abertura do 10º Congresso Nacional dos Engenheiros – Consenge, que aconteceu ontem, 27, em Búzios (RJ). O Congresso, que reuniu delegações de doze estados brasileiros, tem como objetivo discutir e propor metas para a valorização e desenvolvimento da engenharia, em consonância com o crescimento do país. Esse ano, o tema do Consenge é “Um projeto de nação para o país”.

Rubens Paiva presente

Quem chegava ao local do Congresso era recepcionado por uma exposição sobre a vida de Rubens Paiva. Com a curadoria do jornalista Vladimir Sacchetta, a exibição reuniu fotos, documentos e cartas que ajudam a relembrar sua história do engenheiro e político brasileiro e, especialmente, seu desaparecimento durante a ditadura militar.

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À noite, o evento iniciou com um discurso de Giucélia Figueiredo, diretora licenciada da Fisenge. Ela ressaltou o caráter questionador e transformador de Rubens Paiva e também destacou que partiu dele a inspiração para a lei nº 4.950-A, elaborada por Almino Affonso, que garante o salário mínimo profissional dos engenheiros. (Veja aqui o discurso, na íntegra)

Logo após, Vera Paiva, filha de Rubens Paiva, recebeu uma placa de homenagem. Ela também discursou, emocionando muitos presentes ao lembrar da personalidade e projetos do pai e de seu súbito desaparecimento.  Vera Paiva ainda afirmou que “Rubens Paiva tinha um profundo orgulho de ser engenheiro” e ressaltou a importância de contar todas histórias da ditadura: “Qualquer história daquele período deve ser contada e relembrada para que isso nunca mais se repita no nosso país.

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Mesa de abertura

A cerimônia prosseguiu com a formação da mesa de abertura e discursos de alguns presidentes de entidades. Jorge Roberto Silveira, presidente do Crea –SE, falou sobre o sistema Confea/Crea, enfatizando a necessidade de valorizar outras categorias profissionais ligadas ao sistema, a exemplo de geólogos e agrônomos, para que elas se sintam verdadeiramente representadas.

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O presidente do Senge-RJ, Olímpio Alves dos Santos falou sobre a importância de resgate histórico: “Nenhum país pode ir adiante se não tiver conhecimento do seu passado”. Ele foi bastante aplaudido ao falar da reinauguração do busto de Rubens Paiva que será realizada na praça diante da antiga sede do DOI-CODI, onde ele foi assassinado. Por fim, o presidente da Fisenge Carlos Bittencourt fez seu discurso lembrando da importância e do desafio que o tema do Congresso representa. (Veja aqui.)

Palestra Magna com Luiz Dulci, ex-Ministro da Secretaria Geral da Presidência: “A luta pela transformação da sociedade não pode ser uma luta somente de interesses, mas de valores”

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Interesses e valores, projeto e nação. A palestra de Luiz Dulci procurou ser precisa e crítica, avaliando as consequências do neoliberalismo e as contradições da ideia de globalização. Segundo ele, apesar do neoliberalismo, no Brasil, ter sido derrotado eleitoralmente, seus valores ainda estão presentes nas práticas sociais. Ele afirmou que, nos últimos 12 anos, os governos populares realizaram profundas transformações econômicas e sociais, mas não conseguiram avançar nas disputas de valores: “Pensávamos que as políticas sociais falariam por si só. Mas não basta só executar as políticas que os valores mudam”.

Dulci também explicou que, durante a década de 1990, falou-se que os estados-nação estavam em decadência e a identidade nacional era algo superado. Isso, no entanto, não se concretizou e hoje eles estão se reconstruindo: “O que prevalece no mundo é geopolítica pura e dura”. Segundo ele, o Brasil precisa se inserir no mundo a partir da sua própria identidade.

Ele encerrou falando sobre a importância da participação dos jovens na política, alertando que hoje, muitos não se envolvem nas organizações sociais clássicas, como os sindicatos. Isso não significa, porém, que eles sejam necessariamente desinteressados. Mais tarde, em entrevista para a equipe de comunicação do Consenge ele retornou ao tema, dizendo: “Mas isso não significa que eles sejam alienados, eu não acredito nisso. Muitas vezes eles só querem participar de uma outra forma. Isso é um desafio para os movimentos sindicais”, afirmou.

 

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