Alunos de Engenharia criam dispositivo contra enchentes

Alunos de Engenharia criam dispositivo contra enchentes

Foi em um dia de chuva que alagou o bairro do Catiapoã, em São Vicente, que a mãe do recém-formado engenheiro mecânico Sebastião Raphael de Azevedo Júnior, de 28 anos, fez o apelo: se como engenheiro ele poderia resolver o problema dos constantes alagamentos no bairro. Tinha início ali o projeto de um grupo de alunos da Unip que venceu o prêmio Neorama 2016 – de empreendedorismo e inovação – e pode ser uma solução para minimizar os impactos das enchentes na região.

Sebastião levou a preocupação da mãe para os colegas. No fim, eles aceitaram o desafio, que acabou se transformando no trabalho de conclusão de curso do grupo de alunos de Engenharia Mecânica. Para isso, os alunos construíram um dispositivo capaz de instalar cestos em bueiros. O objetivo é reter o lixo, impedindo o entupimento e, consequentemente, os alagamentos.

Na pesquisa dos estudantes, a questão do lixo foi apontada como a principal preocupação quando o assunto é enchente.

“Vimos que em alguns locais já se utilizava o cesto nos bueiros. Mas a nossa ideia foi além, a de ter um dispositivo de instalação e manutenção que permitisse preservar as tampas dos bueiros e calçadas e garantir um trabalho mais fácil e menos insalubre para os profissionais que hoje precisam tirar as tampas para a limpeza, em condições muito ruins”, explica Jucimar Conde, integrante do grupo, de 21 anos.

Com uma engrenagem que suporta facilmente as pesadas tampas de concreto e não exige praticamente força de quem opera, a máquina desenvolvida consegue abrir o bueiro, retirar o cesto que, depois de limpo, é recolocado no lugar.

“É um dispositivo completamente ajustável, até porque não temos um padrão de bueiros aqui”, afirma Rafael de Souza Lira, de 23 anos.

Segundo Julio Alexandre Costa, de 37 anos, além do benefício para o trabalhador que atua nesta área, a empresa terá um trabalho mais ágil e a sociedade ganha, inclusive unindo uma atividade de reciclagem. “Esse material já estará sendo recolhido e poderá passar direto para um serviço de triagem”.

Os estudantes já pensam em melhorar o projeto, instalando uma caixa de decantação, que conseguiria separar a areia – outro causador de entupimento.

“Estamos conversando e buscando investidores porque nosso principal objetivo agora é realizar testes porque queremos ver o projeto implantado”, revela Lucas Basílio, de 22 anos.

O grupo, que ainda tem como integrante Thiago Lima Veloso, de 31 anos, imagina que, em Santos, cinco dispositivos como o desenvolvido já poderiam fazer diferença.

“Gostaria muito que eles tivessem a oportunidade de testar o equipamento em locais com bastante problema para ver os resultados”, confessa a orientadora do grupo, professora Cynthia Matteucci, afirmando que o desafio acadêmico foi vencido com a aprovação do trabalho que, inclusive, teve na banca uma especialista em resíduos sólidos do Instituto de Pesquisas Tecnológicos (IPT).

E, no fim, Sebastião diz que sua mãe ficou orgulhosa com o produto final.

FONTE: A Tribuna
TEXTO: Tatiane Calixto
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