Apesar de participação recorde, mulheres ainda são minoria na política

Apesar de participação recorde, mulheres ainda são minoria na política

Em 2020, as mulheres bateram recorde em candidaturas nas eleições municipais: são mais de 180 mil mulheres concorrendo a cargos de prefeitas e vereadoras, um aumento de 17,08% em relação a 2016. Somente em Salvador, são 509 candidaturas femininas, duas, notadamente, mulheres negras concorrendo à prefeitura: Major Denice, do PT e Olívia Santana do PC do B. Apesar do avanço, elas ainda são a minoria considerando o total de candidaturas: 13% nas prefeituras e 34, 4% nas Câmaras municipais. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Apesar da constar na legislação (Lei nº 12.034/200) que os partidos devem  ter percentual mínimo de 30% e máximo de 70% de candidatos para cada gênero, na prática, muitos ainda recorrem a candidaturas femininas apenas para alcançar o mínimo exigido. Isso se reflete não apenas o baixo número de mulheres concorrendo, mas nas poucas chances de eleição dessas.  Ainda de acordo com dados do TSE, os partidos com mais mulheres candidatas são PSTU (41%), UP (27%) e PSOL (23%) nas prefeituras; nas Câmaras Municipais, os mesmos partidos mantém a liderança com 46% (UP), 43% (PSTU) e 38% (PSOL). A disparidade fica mais grave em relação às mulheres negras que, na Bahia, região com maior percentual de população negra no país, representam apenas cerca de 7% das eleitas na Câmara.

Uma das iniciativas para estimular a participação das mulheres nas eleições partiu do NEIM/UFBA (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher) e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher da Bahia que ofereceram o curso “(Re)Presente! Mais Mulheres na Política” para candidatas baianas. O curso aconteceu de forma online entre 22 de setembro de 06 de novembro. A questão também foi abordada na aula pública inaugural do Semestre Letivo Suplementar do PPGNEIM que trouxe como convidada a professora Marlise (UFMG), coordenadora do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher). De acordo com Marlise, “as eleições locais de 2020 trazem, entre muitos desafios, dois que são muito importantes: 1) serem a primeira eleição para cargos proporcionais sem a possibilidade de se realizar coligações partidárias; 2) as eleições serão realizadas no contexto da pior crise sanitária e política que já vivemos.”. A pesquisadora questiona quais serão os impactos desses desafios para as candidaturas de mulheres em 2020, usualmente excluídas dos espaços de poder no Estado. Para a pesquisadora, “a eleição de um maior patamar de mulheres para o poder local no Brasil é não só estratégica como também crucial para o futuro do regime democrático brasileiro”. Assista aqui.

Com informações do TR-BA, G1 e PPGNEIM

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