ARTIGO: Resistir para reconstruir o Brasil

ARTIGO: Resistir para reconstruir o Brasil

O ano é 2017 e o cenário digno do filme “Tempos Modernos”, de 1936, diante das condições de exploração às quais o protagonista é submetido em uma fábrica. Hoje, os tempos são de ataque e retirada de direitos dos trabalhadores. Tempos nada modernos. Em menos de um ano, vimos ser apresentadas a PEC 55, que reduzirá gastos na saúde e educação, a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a Terceirização aprovada recentemente, e a privatização de empresas públicas sob a falácia de renegociação das dívidas dos estados e municípios.

No dia 15 de março de 2015, assistimos à ocupação oportunista e elitizada das ruas pela direita que se estendeu até o golpe presidencial. Hoje, as ruas – que sempre foram nossas – dão resposta à agenda de retirada de direitos do governo ilegítimo de Michel Temer. O movimento sindical, ao lado dos movimentos sociais, vem construindo e fortalecendo um arco de resistência em todo o país com greves, ocupações e manifestações. O silêncio não é uma alternativa diante da opressão.

A maioria do Congresso Nacional, apoiada pela mídia, defende um sistema de privilégios muito distante da maioria da população brasileira. O discurso dos representantes do setor financeiro, do latifúndio, do fundamentalismo e dos meios de comunicação privada é de “modernização” da legislação trabalhista. Mais uma vez, tempos nada modernos. Discurso é poder e, nesse caso, “modernização” significa exploração. Os principais direitos conquistados arduamente na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) estão ameaçados como o direito à hora do almoço, jornada de trabalho de 8 horas, férias etc. A forma como os projetos têm sido aprovados no Congresso Nacional reflete o autoritarismo e a interdição do debate público.

A distância entre o Congresso Nacional e a realidade brasileira é abissal e tem origem na estrutura de organização baseada em uma política de privilégios, e não de igualdade social. Nesse contexto de tragédias, a engenharia brasileira é um dos pilares estratégicos para a retomada do desenvolvimento no país. Isso porque a engenharia é mola impulsionadora da economia, gerando emprego e renda. A destruição da produção tecnológica nacional e das empresas de engenharia interessa ao mercado internacional, que já está instalando suas empresas, atentando contra nossa soberania.

O momento exige unidade, diálogo e construção de pontes. Nesse sentido, a Federação Interestadual de Sindicatos dos Engenheiros (Fisenge) e o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) realizam o Simpósio SOS Brasil Soberano, com o objetivo de debater pilares essenciais para o desenvolvimento social e a soberania nacional. Compreendemos a tarefa histórica que nós, engenheiros e engenheiras, temos na luta por direitos e na construção do Brasil. Vamos construir juntos uma agenda propositiva e soberana para o país. Em cada encontro, fortalecemos a nossa resistência e a nossa capacidade de formulação e intervenção na sociedade. Mais do que isso, construímos a direção para um futuro esperançoso. Vamos resistir e reconstruir o Brasil! Diretas já!

Clovis Nascimento é engenheiro civil e sanitarista e presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros

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