“É preciso colocar o ser humano na centralidade das políticas laborais”, afirma diretor da OIT

“É preciso colocar o ser humano na centralidade das políticas laborais”, afirma diretor da OIT

Por Manoel Ramires/Senge-PR

Em sessão solene na Alep, Martin Hahn critica informalidade e desigualdade de gênero e salarial

A Assembleia Legislativa do Paraná realizou uma sessão solene em comemoração ao Centenário da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Eventos estão sendo realizados ao longo da semana em Curitiba para discutir a situação atual dos trabalhadores, a legislação trabalhista e o futuro do trabalho. O evento na Alep contou com representantes do Governo do Estado, participação da CUT, Força Sindical, DIEESE e como convidado de honra o diretor do escritório da OIT no Brasil, Martin Hahn.

O diretor da OIT traçou como prioridade a busca pelo trabalho decente. Em 100 anos de OIT, além de apresentar a evolução da legislação que protege os trabalhadores, ele disse que é fundamental discutir as mudanças no mundo do trabalho. Martin Hahn destacou que o Brasil tem 97 convenções e assina 8 acordos internacionais, mas que ainda falta aplicar a norma que garante a liberdade sindical. Recentemente, MP do presidente Jair Bolsonaro (PSL) interferia nessa autonomia ao proibir desconto em folha.

Martin demonstrou preocupação com o país relativo ao trabalho infantil e ao trabalho forçado. Ele disse esperar mais compromisso dos governantes. Com relação ao futuro do trabalho, avaliou que existem grandes incógnitas. “É preciso agir agora para reduzir a desigualdade de gênero, de condições e é necessário combater o aumento dessas desigualdades”, alerta.

Adriano Rima 1

O diretor da OIT disse que a Organização tem definido eixos como a redução de jornada, salários dignos e igualdade de gênero. Martin chama atenção para a perda de empregos por conta da automação no mundo e no Brasil, e o aumento da informalidade. “É preciso colocar o ser humano na centralidade das políticas laborais. Isso parece óbvio, mas não estamos discutindo isso suficientemente. Nós precisamos mudar nossa perspectiva”, direciona.

No evento, o deputado e ex-secretário do Trabalho, Luiz Cláudio Romanelli, destacou que o Paraná é o estado que promove o maior piso salarial do país. O piso no estado varia entre R$ 1306 a R$ 1509. “O valor é resultado das mobilizações das centrais “sindicais e da compreensão do setor patronal. Eu acho que dá para unir trabalho decente com crescimento econômico”, aliou Romanelli, que ainda lamentou os 13,1 milhões de desempregados.

Já Sandro Lunardi, professor da UFPR e membro da OAB disse que não haverá futuro do trabalho sem que a universidade reflita sobre o assunto. Para Lunardi, é necessário existir um diálogo tripartite com governos, patrões e trabalhadores. “É necessário discutir o modelo de desenvolvimento econômico alinhado ao modelo de desenvolvimento social. Refletir sobre o que queremos, levando em consideração o meio ambiente equilibrado. Não pode permitir o desmatamento, por exemplo, e pensar em avanços. Cabe a nós cuidarmos do meio ambiente, das empresas e dos trabalhadores”, incentivou.

Fonte: Senge-PR / Fotos: Adriano Rima

Fechar Menu