História do Coletivo Maria Quitéria do SENGE-BA

História do Coletivo Maria Quitéria do SENGE-BA

Tudo começa com um movimento sindical de mulheres organizado!!
A FISENGE – Federação de Sindicatos de Engenheiros, da qual o SENGE-BA é filiado, desde da sua criação contou a participação de mulheres ocupando cargos na diretoria executiva. As pioneiras foram a Enga. Civil e Profa. Dra. Maria Jose Salles (Zezé) que ocupou cargo de Diretora Financeira nas gestões de (1991-2002) e a Dra. em Saneamento e Enga. Civil Maria Cristina de Sá, graduada na Escola Politécnica da UFBA, que participou das gestões (1997-1999) da FISENGE após ter ocupado a presidência do SENGE-MG nas gestões de (1990-1992/ 1992-1995). Ambas foram percussoras no debate de gênero no movimento sindical e profissional.
A Enga. Agrônoma Almeria Carniato foi a única mulher eleita para gestão de 2002-2005 e foi responsável pela consolidação da questão de gênero como política estruturante da FISENGE após ter ocupado a presidência do SENGE-PB por dois mandatos e ter vivenciado o machismo em relação à participação das mulheres na área tecnológica desde sua graduação.
Em 2004, o avanço das discussões sobre gênero posicionou a FISENGE como entidade pioneira na luta pela equidade de gênero perante as demais entidades que constituíam o Colégio de Entidades Nacionais (CDEN), fórum consultivo do CONFEA, e o próprio Sistema CONFEA/CREA, ao propor e promover a oficina alternativa “Mulher, Ciência e Tecnologia: Luta por Equidade de Gênero” durante a 61ª Semana Oficial de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (SOEAA) realizada em São Luís (MA) sob a coordenação da Engenheira Agrônoma Almeria Carniato.
Em 2005, o tema gênero fez parte da programação paralela durante o 7° CONSENGE – Congresso de Sindicatos de Engenheiros realizado em Salvador (BA), quando foi realizada a primeira oficina específica intitulada “Construindo subsídios de uma agenda da mulher na área tecnológica para políticas públicas” para debater a situação das mulheres da área tecnológica. Uma das propostas oriundas desta iniciativa foi a ampliação da discussão com a Academia e os movimentos sociais sobre a baixa representatividade das mulheres na política, em especial na área tecnológica.
Neste congresso, sob forte pressão das Engenheiras lideradas pela Engenheira Agrônoma Almeria Carniato, os dirigentes da FISENGE assumem o compromisso de alteração do estatuto durante o próximo Congresso para a criação da Diretoria da Mulher e a inclusão da pauta de gênero nas negociações coletivas.
No 8º CONSENGE (2008) em Florianópolis, as delegadas se reuniram e debateram a ausência do cumprimento de deliberações aprovadas durante o 7° CONSENGE em relação à criação da Diretoria da Mulher que deveria ocorrer através da alteração de Estatuto da FISENGE e que infelizmente não constava na pauta do Congresso. A representação feminina na nova chapa da FISENGE estava ameaçada!
Em vista deste quadro, a organização feminina neste congresso definiu estratégias de fortalecimento do movimento, surgindo a articulação com alguns presidentes de sindicatos para a inclusão de mulheres entre os diretores suplentes e proposição de uma moção, que foi aprovada pelo plenário daquele CONSENGE, determinando:
1) a instalação imediata da Diretoria da Mulher sob a coordenação das diretoras suplentes;
2) a garantia da presença da Diretoria da Mulher, com direito a voz, em todas as reuniões de Diretoria Executiva;
3) a garantia de condições materiais e financeiras para reuniões semestrais do Coletivo de Mulheres composto por 1 mulher de cada sindicato filiado; recursos financeiros e estruturais para ações inerentes ao cargo da Diretoria da Mulher e;
4) o compromisso de alteração do estatuto da FISENGE com a criação da Diretoria da Mulher conforme já havia sido determinado no 7º CONSENGE.
Com o objetivo de priorizar a pauta de gênero junto a Diretoria Executiva eleita em 2008, as diretoras suplentes eleitas Enga. de Alimentos e Profa. Dra. Marcia Ângela Nori (SENGE-BA) e Enga. Florestal Ludymilla Martins Chagas (SENGE-RO) na nova
chapa assumiram o compromisso de continuidade ao trabalho iniciado pela Enga. Agrônoma diretora Almeria, que não estaria presente como representante do SENGE-PB nesta gestão.
Deliberou-se que, a Enga. Marcia Ângela Nori, representante do SENGE-BA, assumiria a coordenação dos trabalhos, com a missão de criar o Coletivo de Mulheres com representação dos 11 sindicatos filiados para proposição de políticas para ampliação da participação das mulheres na FISENGE e SENGEs e conduzir as alterações do Estatuto para a criação da Diretoria da Mulher, podendo para isto, acompanhar (com direito a voz) as reuniões da Diretoria Executiva, que são restritas aos diretores titulares. Desta forma, o Coletivo de Mulheres foi criado em 2009 sob a coordenação da Diretora Marcia Nori, que fez a interlocução da pauta de gênero junto à Diretoria Executiva inclusive com a realização de eventos de sensibilização sobre o tema junto aos dirigentes da Federação e lançamento da cartilha “Principais Direitos das Mulheres Profissionais”.
O 9° CONSENGE, ocorrido em 2011 na cidade de Porto Velho-RO, foi marcado pela alteração do Estatuto da FISENGE com a criação da Diretoria da Mulher com a atribuição de estabelecer políticas de gênero e de realizar um trabalho articulado com a Diretoria de Negociações Coletiva visando a inserção de clausulas especificas nos acordos coletivos, além da oficialização e inclusão do Coletivo de Mulheres no Estatuto.
Porém duas propostas vitais apresentadas pelo coletivo não foram aprovadas pelos delegados do 9º CONSENGE que foram a obrigatoriedade de 30% de mulheres na Diretoria Executiva da FISENGE e nas delegações representativas dos sindicatos durantes os CONSENGE. Ainda que rejeitadas as propostas, a articulação das mulheres garantiu a participação de 30% de mulheres na chapa eleita.
As metas propostas pelo Coletivo de Mulheres desde sua criação, que visam o aumento do número de mulheres nas instâncias de decisão (diretoria executiva titular e suplente, conselho fiscal e congressos) vem sendo alcançados com valores superiores a 30% em todas as instâncias, mostrando a força da organização feminina mesmo diante da grande dificuldade enfrentada pelas mulheres de acúmulo de jornadas de trabalho e remuneração inferior à masculina.
Na Bahia, o SENGE-BA criou em 2012 o Coletivo de Mulheres Maria Quitéria. O nome foi inspirado na heroína baiana que lutou pela independência do Brasil e da Bahia
como soldada, numa época que era proibida a entrada de mulheres no Exército. A ideia de nomear o Coletivo como Maria Quitéria, além da justa homenagem por sua bravura, teve como objetivo incentivar as mulheres da área tecnológica que todos os dias batalham para ocupar os espaços, por valorização profissional e equidade de direitos.
Nestes 10 anos de Coletivo de Mulheres Maria Quitéria, o Sindicato dos Engenheiros da Bahia realizou ações afirmativas com objetivo de incentivar a participação das Estudantes do Ensino médio nas áreas tecnológicas, de aumentar da participação feminina no plenário do CREA -BA, na diretoria do SENGE -BA, no SENGE Estudante, nos CONSENGEs, nas carreiras acadêmicas e no cenário político nacional e local. Fruto de ações afirmativas praticadas desde 2005, ao completar 84 anos de fundação, o SENGE-BA elegeu sua primeira presidenta para a gestão 2020-2023.
O Sindicato com apoio do CREA -BA, relançou, na Bahia, a cartilha “Principais Direitos das Mulheres Profissionais”, realizou campanhas publicitárias com outdoors, spot em rádios e televisão sobre o dia internacional da mulher e valorização profissional das mulheres na área tecnológica. Mais recentemente, realização de palestras, lives e nas redes sociais sobre temas de interesse da mulher Engenheira.
Para finalizar, neste 8 de março de 2022, dia de comemorar as conquistas das trabalhadoras, presto homenagem à todas as mulheres da área tecnológica e em especial, às diretoras, membras do Coletivo e conselheiras do SENGE -BA que colaboraram na construção de um sindicato combativo, participativo e inclusivo ao longo dos 85 anos de atuação. São elas: Enga. Civil Gildete Batinga, Enga. Civil Elizabeth Barbalho, Enga. Agrônoma Lucedalva Xavier Barbosa, Enga. Agrônoma Maria Higina Nascimento, Enga. Agrônoma Lorena de Araújo Melo; Enga. Agrimensora Maria de Fatima Vidal (in memoriam), Enga. de Alimentos Silvana Palmeira, Enga. de Alimentos Wânia Silveira da Rocha, Enga. Civil Janeide Vitória Souza, Enga. Sanitarista Ambiental Juliana Nunes Oliveira de Paula, Enga. Sanitarista e Ambiental Márcia Cristina Alves do Lago, Enga. Civil Eliane Ferreira Campos, Enga. Eletricista Cristina Abreu, Enga. Civil Dalma Dourado Bastos, Enga. Sanitarista Ambiental Mariluce Domingos, Enga. Sanitarista Ambiental Silvia Helena Assis Oliveira Barbosa, Enga. Agrônoma Ana Dalva, Enga. Civil Rute Carvalhal Borges, Enga. Civil Karen Daniela Melo Miranda, Enga. Eletricista Raquel Vasconcelos
Ribeiro, Enga. Aline Hojron Ribeiro, Enga. Sanitarista e Ambiental Luciana Costa dos Santos.
Enga. Marcia Ângela Nori
Presidente do SENGE -BA

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