Segunda palestra sediada pelo Senge-BA debate o marxismo na América Latina

Segunda palestra sediada pelo Senge-BA debate o marxismo na América Latina

Por Giovana Marques (Ascom Senge-BA)

Aconteceu ontem (15), mais uma palestra promovida pela Escola Latinoamericana de História e Política, que participa do Fórum Social Mundial 2018, com apoio do Sindicato dos Engenheiros da Bahia. O tema “O Marxismo na América Latina” foi debatido pelo historiador Valter Pomar, participante do Fórum desde sua primeira edição.

“O Fórum Social Mundial é muito plural, dentro dele existem vários movimentos e diferentes tipos de interpretação política. Ele enquanto Fórum é um espaço de convergência eu considero muito importante que haja espaços dedicados a debater a situação internacional, latino-americana e também fazer esse debate à luz da tradição marxista, que busca investigar o desenvolvimento do capitalismo e a as possibilidades de superação do capitalismo em favor do socialismo” afirma o historiador.

A situação atual do capitalismo, em que todos os seus aspectos negativos estão expostos a luz do dia, como disse o palestrante, torna real o risco de grandes conflitos militares acompanhados da deterioração da condição de vida das pessoas. Por isso, para Valter, o tema do socialismo se torna muito atual e, os que são adeptos da alternativa, tem a obrigação de usar espaços como o Fórum Social Mundial para debater.

O professor Ivanildo José, que veio de Pernambuco, representando o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município do Jaboatão dos Guararapes (SINPROJA), para participar pela primeira vez do FSM, diz que escolheu participar do debate sobre marxismo por acreditar que é necessário voltar a discutir sobre esse assunto, para ele, esta é uma leitura da sociedade que ajuda a transformá-la. “Para mim o marxismo é uma chave importante mudar o mundo”, completou ele.

IMG_0909
A palestra teve a presença de estudantes, professores e representantes de outros sindicatos e movimentos sociais/ Foto: Giovana Marques

Confira mais fotos

Marxismo Latinoamericano

Segundo Valter Pomar, o momento em que a América Latina começa a fazer produção própria, isto é, elaborar uma tradição marxista, apesar de coincidir com o período, entre os anos 1956 e 1991, em que a União Soviética não era mais o polo principal dessa corrente, a base marxista da região latino americano ainda sim foi formada pela União e por países como França, Espanha e Itália que traduziam as obras para os países da América Latina. Para ele, também é inegável que o marxismo chega aqui alinhado a movimentos comunistas de diversos países e como instrumento da luta política, econômico e social  da classe trabalhadora. Os principais portos, neste período de desenvolvimento do marxismo na América Latina, que recebiam as obras eram o México, Peru, Argentina e Chile.

O tema central do marxismo local era como se interpretava o desenvolvimento capitalista e a veiculação disso com a revolução socialista, que não é diferente da tese geral do marxismo, que para Valter, significa que o desenvolvimento capitalista contém contradições que vão levar a sociedade a se transformar em  comunista. No entanto, o marxismo importado nos anos 30, 40 e 50, é dividido em três aspectos pelo historiador. O primeiro é fazer a defesa da União Soviética e do tipo de sociedade que construiu, depois em fazer a defesa do modelo soviético de revolução, o qual deveria ser seguido e, o marxismo que faz uma interpretação do capitalismo de como ele era até 1916.

Diante de uma série de fatores como não ter se desenvolvido a partir de uma potência dominante marxista e ser subordinada ao imperialismo europeu e estadunidense, a América Latina não foi um ponto atrativo para o estudo marxista, entretanto criava quatro posições latinoamericanas para a corrente: afirmação da originalidade da região e da identidade total do que existe na região e do que existia na Europa; a ideia de que a região era uma semi-colônia; e, de que a revolução só existiria se fosse socialista. A produção latino americana caminha  do ponto de vista da última posição, com base na tese de que a região já está madura para instaurar o socialismo.

Veja palestra na íntegra 

Fechar Menu