Milhares vão às ruas em todos os estados em defesa da Educação e da Previdência

Milhares vão às ruas em todos os estados em defesa da Educação e da Previdência

Mais de 200 cidades tiveram atos nesta terça (13), denunciando a lógica privatista imposta pelo projeto “Future-se”

Durante toda a terça-feira (13), as ruas do país foram tomadas por
mobilizações em defesa da Educação e contra a reforma da Previdência.
Milhares de estudantes, professores, sindicalistas, trabalhadores e
ativistas dos movimentos populares denunciaram retrocessos do governo de
Jair Bolsonaro (PSL). O terceiro “Tsunami da Educação” contou com atos
nos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal. 

Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE),
pelo menos 211 municípios brasileiros registraram atos nesta terça. A
população somada dessas cidades é de quase 83 milhões de pessoas, cerca
de 40% da população do país. 

Assim como nas últimas grandes jornadas de protesto, nos dia 15 e 30 de maio, o repúdio aos cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC)e de tramitação da proposta de reforma da Previdência permanece. A novidade deste 13 de agosto é o protesto contra o projeto “Future-se”, que prevê a criação de um fundo de R$ 102 bilhões para atrair investimentos internacionais no ensino superior.

Milhares vão às ruas em todos os estados em defesa da Educação e da Previdência

Multidão protesta em frente ao Congresso Nacional, pela manhã, em Brasília (DF) (Foto: Rafael Tatemoto)

Reitores, ex-ministros da Educação e outros especialistas da área afirmam que o projeto ameaça a autonomia orçamentária das universidades e representa um ataque à gratuidade do ensino superior.

O dia de mobilizações foi convocado pela União Nacional dos
Estudantes (UNE), que já manifestou posição contrária ao “Future-se”.
Segundo a UNE, o programa tem um viés privatizante e precisa ser combatido. 

Além das mobilizações de rua, aderidas por uma série de categorias, a
UNE anunciou que vai buscar apoio na sociedade, no parlamento e no meio
acadêmico para apresentar no Congresso Nacional um projeto de lei
que garanta investimentos em Educação para além do teto de gastos do
governo e que proíba o contingenciamento de verbas das universidades
públicas e institutos federais.

A professora Cátia Barbosa foi uma das participantes da concentração na praça da Candelária, região central da capital carioca.
Ela leciona Geoquímica na Universidade Federal Fluminense (UFF) e
denuncia a falta de diálogo com as instituições de ensino na elaboração
do “Future-se”.

“O projeto surgiu das trevas. Em pouquíssimos meses que o novo
ministro se instalou no governo ele já lança uma proposta dessa,
completamente imatura e sem discussão com a comunidade científica, que
mata a ciência brasileira, a educação superior e a esperança de muitos
jovens de conseguirem concluir um ensino público no Brasil”, afirmou em
entrevista ao Brasil de Fato.

Milhares vão às ruas em todos os estados em defesa da Educação e da Previdência

Professora Cátia Barbosa, durante concentração para o ato no centro do Rio de Janeiro (RJ) (Foto: Clívia Mesquita)

Região Nordeste

Na capital cearense, Fortaleza, a concentração aconteceu na Praça da
Gentilândia, no bairro Benfica. Em Juazeiro do Norte (CE), professores,
estudantes e servidores da Educação também marcharam contra a
privatização do ensino público. 

Reunidos na Praça José de Barros, em Quixadá, no sertão central
cearense, estudantes e professores do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), da Universidade Federal do Ceará
(UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece) realizaram aula pública
sobre o programa “Future-se”. 

Estudantes, professores, servidores públicos e movimentos populares
também realizaram manifestações no interior do Ceará. Pela manhã, foram
registrados atos e caminhadas nos municípios de Amontada, Cascavel,
Crateús, Iguatu, Itapipoca, Jaguaribara, Limoeiro do Norte, Morada Nova,
Russas e Tabuleiro do Norte. Em Sobral, região norte do estado, o ato
aconteceu à tarde em frente ao prédio do IFCE.

Pernambucanos se mobilizaram em Recife. O ato se concentrou às 15
horas na Rua da Aurora, em frente ao Colégio Ginásio Pernambucano, no
centro da cidade. O ato unificado foi protagonizado por um bloco formado
por diversas organizações estudantis. Também aconteceram atos em
Caruaru (PE) com estudantes e profissionais da Educação. 

Em Petrolina (PE), no Vale do São Francisco,
cerca de 500 pessoas se reuniram na Praça do Bambuzinho, no centro da
cidade, no Dia Nacional de Luta Pela Educação e Contra a Reforma da
Previdência.

Raimunda de Souza é professora do curso de Geografia da Universidade
de Pernambuco (UPE) e participou do ato. Para ela, a mobilização tem o
papel de mostrar o posicionamento contrário da população à atual agenda
política do Congresso e do MEC.

“Esse presidente não consegue compreender que a Educação é primordial
no desenvolvimento de um país, tanto a educação básica quanto o ensino
superior. Um depende do outro, porque é no ensino superior, nas
licenciaturas, onde se formam os professores da educação básica.  Mas a
intenção dele é sucatear a universidade e a Educação de um modo geral
para poder começar um ritmo de privatizações”, afirmou a professora.

O ato reuniu sindicatos de educadores das cidades circunvizinhas,
como Araripina, Orocó, Salgueiro, Ipubi e Garanhuns. O poeta e cantor
Maviael Melo recitou um cordel sobre a reforma da Previdência.

Em João Pessoa, capital paraibana, a Associação Brasileira
de Juristas pela Democracia (ABJD) participou dos atos junto a 15
mil estudantes e professores. 

No estado de Alagoas, a capital Maceió teve mais de 12 mil
pessoas nas ruas para defender a Educação e contra a política de cortes
do atual governo. No centro de Aracaju (SE), um ato unificado se
concentrou na Praça General Valadão.

Em Salvador (BA), o “Tsunami da Educação” reuniu cerca de 35 mil
estudantes, professores, servidores e sociedade civil nas ruas da
capital baiana contra o desmonte da Educação e em defesa da Previdência.

Na capital potiguar,
a concentração do ato foi marcada para acontecer no cruzamento das
avenidas Bernardo Vieira e Salgado Filho. A atividade se encerrou na
Praça da Árvore de Mirassol. 

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Em Natal (RN), estudantes e trabalhadores se aglomeraram em
frente ao shopping Midway Mall e ao Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) (Foto: Kenet)

Região Norte

Em Belém (PA), a mobilização se concentrou na Praça da República
desde às oito horas da manhã. Estudantes, professores, servidores
públicos e sociedade civil marcharam nas ruas da capital paraense contra
o projeto do governo.

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Manifestação pela manhã na capital paraense (Foto: Catarina Barbosa)

Em Marabá (PA), cerca de 400 manifestantes ocuparam as ruas do
município pelo futuro do Brasil e contra os desmontes do governo
Bolsonaro.

No protesto, os manifestantes carregavam cartazes com nomes e fotos
dos deputados que votaram a favor da reforma da Previdência. A caminhada
seguiu até a Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) para
cobrar um posicionamento do governo estadual de Helder Barbalho (MDB)
com relação ao “Future-se”. 

Região Centro-Oeste

Em Brasília (DF),
o ato desta terça-feira se somou à Primeira Marcha das Mulheres
Indígenas. A manifestação seguiu até o Congresso Nacional, na capital
federal. 

Além da capital Goiânia, em Goiás, o “Tsunami da Educação” ocorreu em
municípios como Simolândia, Quirinópolis e Jataí. Em Cuiabá (MT), o ato
se concentrou à tarde na Praça Alencastro e reuniu cerca de três mil
pessoas.

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Manifestação nas ruas de Goiânia (GO) (Foto: Karol Santos)

Região Sudeste

Em Barra do Piraí (RJ), município no sul fluminense, uma aula pública
debateu Educação e Previdência. Também nas ruas, um ato se concentrou
na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para denunciar os
desmontes do governo Bolsonaro. A porta da Prefeitura do Rio de Janeiro
também foi palco de resistência de profissionais da Educação. 

Um grande ato unificado também ocorreu na Candelária (RJ) e marchou
em direção à sede da Petrobras. Na Cinelândia (RJ), policiais militares
se aglomeraram no entorno da aula pública organizada pela Frente
Parlamentar em Defesa da Educação Pública, presidida pelo vereador
Reimont Otoni (PT). A caminhada reuniu 40 mil pessoas, segundo a
organização.

Nesta manhã, o Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes e
Região (RJ) realizou passeata no centro financeiro da cidade em defesa
da soberania nacional e por mais empregos. A atividade terminou com ato
público no calçadão. 

Em Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro, o Sindicato Estadual dos
Profissionais de Educação (SEPE), a Frente Brasil Popular e o Sindicato
dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) organizaram
mobilizações na praça central. 

O “Tsunami da Educação” em Vitória (ES) foi marcado por aulas sobre o
projeto “Future-se” e, logo após, às 16 horas, um ato tomou conta da
capital. 

Em Belo Horizonte (MG), a manifestação se concentrou a partir das 15
horas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Milhares de
pessoas caminharam pela capital mineira contra o programa “Future-se” e a
reforma da Previdência.

Estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), também em Minas
Gerais, realizaram um ato na manhã de hoje. Os manifestantes saíram do
campus da universidade e tomaram as ruas da cidade.

Em São João del Rei (MG), na cidade do campo das Vertentes, também ocorreram mobilizações durante a tarde.

No ato em São Paulo a concentração foi em frente ao Museu de Arte de
São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), na Avenida Paulista, que ficou
obstruída no sentido bairro. Os manifestantes saíram em marcha rumo à
Praça da República. 

A estimativa é de que 100 mil pessoas tenham participado. A Polícia
Militar armou um cordão policial obrigando os manifestantes a
interromperem a marcha diversas vezes. 

Larissa Carvalho Mendes, estudante de Construção Civil da Faculdade
de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP), participou da manifestação. Ela
falou ao Brasil de Fato sobre a importância da universidade pública na sua vida e na de seus colegas.

“São realmente pessoas que dependem de um trabalho para conseguir se
manter mesmo na faculdade pública. A gente sabe que os custos ainda não
são tão acessíveis. Dentro da Fatec a gente não tem tantas políticas de
inclusão social, não tem um bandejão, um auxílio estadia. Então a gente
vem também reivindicar tudo isso. Se hoje já é difícil se manter dentro
de uma universidade estadual, com a cobrança de mensalidades seria
impossível”, argumentou.

O interior de São Paulo também participou do “Tsunami da Educação”.
Cidades como Ribeirão Preto, Piracicaba, Sorocaba e Itapeva protestaram
contra o governo Bolsonaro. Exemplares do jornal Brasil de Fato foram
distribuídos na Praça Anchieta, em Itapeva.

Ribeirão Preto foi marcado por uma aula pública na Esplanada do
Teatro Pedro II com professores ligados ao Sindicato dos Professores do
Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP). Um ato também aconteceu
em frente à Diretoria de Ensino em defesa da Educação e contra a
reforma da Previdência.

No Largo do Rosário, em Campinas (SP), mais de cinco mil pessoas participam do ato em defesa da Educação e da Previdência.

Região Sul

Em Florianópolis (SC) a concentração desta terça-feira aconteceu na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O centro da capital foi o
palco do ato unificado. A partir das 16 horas manifestantes chegavam ao
Largo da Catedral para defender a Educação e a Previdência. A
estimativa é de ao menos cinco mil pessoas participaram. 

Reunidos no Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), em Curitiba, professores, estudantes e técnico-administrativos
da instituição realizaram uma assembleia comunitária para debater as
ameaças do governo Bolsonaro. 

No encontro, foi aprovado que a próxima reunião do Conselho
Universitário assuma posição de rejeição ao programa “Future-se”. Após a
assembleia, a comunidade acadêmica se somou ao ato na Praça Santos
Andrade, na capital paranaense. Pela noite, 10 mil pessoas fizeram um
protesto no centro da cidade.  

No Rio Grande do Sul, estudantes e trabalhadores se mobilizaram em diversas cidades.
Na capital, as atividades iniciaram pela manhã, com o painel “O Futuro
das Universidades Públicas e Institutos Federais no Brasil”, realizado
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No fim da tarde, a
concentração ocorreu na esquina democrática, centro de Porto
Alegre. Organizadores anunciam mais de 30 mil pessoas.

O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior (Andes), Antônio Gonçalves, participou do ato em Porto
Alegre e avaliou o terceiro “Tsunami da Educação” como uma sinalização
do descontentamento da população com as “políticas neoliberais” de
Bolsonaro. 

“A gente acredita que isso é um processo e que vamos acumulando
forças. É nessa perspectiva que eu avalio o 13 de agosto como um dia
positivo na perspectiva da construção de uma greve geral”, enfatizou.

 Fonte: Brasil de Fato * Com informações dos correspondentes e parceiros do Brasil de Fato em todo o país.

Edição: Rodrigo Chagas

*Foto em destaque: Ato em Salvador (BA). Ascom Apub Sindicato

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