SENGE-BA: 85 anos de compromisso com a Engenharia e o Brasil

SENGE-BA: 85 anos de compromisso com a Engenharia e o Brasil

O Sindicato dos
Engenheiros da Bahia foi fundado em 27 de setembro de 1937, no dia de São Cosme
e Damião por sessenta nove profissionais liderados pelo Engenheiro Alfredo
Nogueira Passos.

Neste dia ocorreu no
famoso campo da Graça uma memorável partida entre o Galicia e o Ipiranga, com a
vitória surpreendente de 4 x 3 para o Ipiranga.

O mês de setembro foi
também prodigo em conversas e conspirações politicas entre o estudante de
Engenharia Carlos Marighella e o Governador Juraci Montenegro Magalhães sobre a
possibilidade de a Bahia resistir ao possível Golpe de Estado do Presidente
Getúlio Dornelles Vargas que seria efetivado como Estado Novo em novembro de
1937.

Os jornais de época
noticiavam sobre a Guerra Civil Espanhola e da invasão japonesa a China que
ocorreu em 07 de julho de 1937 e que duraria até 09 de setembro de 1945 e no
Grande sucesso cinematográfico “Romeu e Julieta” que foi o grande vencedor do
Oscar deste ano e que era estrelado por Norman Shearer e Leslie Howard.

Não sabemos, ao certo, em
que medida esses fatos influenciaram o Engenheiro Civil Alfredo Nogueira Passos
e os seus sessenta e nove colegas a fundarem o Sindicato dos Engenheiros da
Bahia (SENGE -BA), no dia 27 de setembro de 1937.

O Sindicato nasceu
lutando, já no dia 01 de outubro se posicionou em defesa do cumprimento do
Decreto 23.569 de 11 de dezembro de 1933 (regulamentava o exercício das
profissões de Engenharia e Arquitetura) pelo Governo do Estado da Bahia.

Nos primeiros anos, a sua atuação se
caracterizou pela organização dos Engenheiros enquanto profissionais liberais,
em defesa do mercado de trabalho, principalmente contra atuação de leigos, pela
agilização dos alvarás e licenças municipais e na garantia de exigência de
contratação de profissionais engenheiros nas empresas contratadas pelo Estado
na realização de obras e projetos de Engenharia.

Na década de 40, o Sindicato
lutou pela estruturação dos orgãos públicos e das carreiras de Engenharia do
Estado da Bahia e na Prefeiura Municipal de Salvador. Com a chegada da
Petrobrás, na década de 50, começa a surgir o mercado privado  de
Engenharia na  Bahia, com surgimento de empreteiras baianas como a Construtora
Norberto Odebrecht que foi fundada em 1944.

Neste período que o Sindicato teve participação intensa na
campanha do “Petróleo é Nosso”, em defesa da industrialização, da exploração das
riquezas minerais exclusivamente por empresas de capital nacional, da soberania
e da tecnologia nacional.

A partir da década de 60, o
perfil do profissional de Engenharia baiano vai se transformando lentamente,
começa a desaperecer o profissional liberal e surgir  o engenheiro servidor público, de empresas
estatais e o engenheiro empregado em empresas privadas.

Com o fim do milagre econômico,
nos anos 80, o setor de Engenharia inaugura um longo período de estagnação e
pauperização dos profissionais da Engenharia. Este periodo pode ser simbolizado
pela capa da Revistas Veja e Isto É :  “O
Engenheiro que Virou Suco”  e  “Onde
estão  os Engenheiros da USP”.

Em vista deste quadro, o
Sindicato atuou fortemente com o objetivo de aproximar os profissionais de
Engenharia das lutas gerais dos trabalhadores, participando da fundação da
Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Sindicato dos Trabalhadores de Água e
Esgoto (SINDAE), entre outras importantes entidades.

Em parceria com Clube de Engenharia da Bahia (CEB) e
o Instituto de Arquitetura da Bahia (IAB), o Senge BA defendeu eleições diretas
para o Sistema CONFEA-CREA, o fim do Regime de 64, a redemocratização do Brasil,
Anistia e as eleições Diretas Já para Presidente da República.

Na década de 90, a atuação do
Senge BA,  como demais entidades
sindicais, foi basicamente defensiva. A defesa do emprego, das conquistas
sociais e laborais, contra as privatizações, contra a flexibilização dos
direitos trabalhistas e o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso.

Neste periodo o SENGE-BA
participa da fundação da FISENGE, entidade que teve participação fundamental na
luta contra a privatização,  na
elaboração das politicas publicas urbanas, na criação do Conselho Nacional das
Cidades e do Ministério das Cidades.

Com alvorecer do século XXI e
a retomada do crescimento econômico, o Senge BA se notabilizou e tornou-se protagonista
nas discussões das políticas públicas de habitação com interesso social, mobilidade
urbana, Engenharia Pública, desenvolvimento sustentável, entre outros temas.

A defesa da soberania e do
desenvolvimento tecnológico nacional, assim como, desenvolvimento econômico
socialmente justo e com respeito ao meio ambiente é eixo de atuação constante
do Sindicato. Também é marca constante de sua história a busca pela valorização
profissional, com a defesa do Salário Mínimo Profissional, dos direitos e
garantias dos Engenheiros e da ampliação da educação tecnólogica de qualidade.

A partir 2005, o SENGE -BA
teve uma atuação fundamental na defesa do Salario Minimo Profissional ajuizando
ações que no geral obteve exito como : em desfavor da EMBASA, CERB, INB e
outras empresas ou celebrando acordos com diversas Prefeituras como a de
Salvaor.

Em 2016 o Sindicato se
posicionou contra o impedimento da Presidente Dilma Roussef por não reconhecer
que este ato estivesse de acordo com o arcabouço juridico brasileiro. Em 2017 o
Sindicato se posicionou contra a reforma trabalhista e em 2019 contra a reforma
da previdencia, em 2021 contra o desmonte da PETROBRAS e em 2022 contra a
privatização da Eletrobras.

Nesses 85 anos de história
muita coisa mudou,  muito dos novos
engenheiros talvez nunca tenham ouvida falar na : Maquina de Escrever
Remington, na Calculadora Facit, no normografo, nas canetas de nanquim, no
estojo de compasso kern, na regua T, Teodolito Wild, Papel manteiga, Papel
vegetal, na das Lojas de material de desenho Sinnay Neves e Ospiton.

A unica coisa que não mudou
foi o nosso compromisso com a
Engenharia e Brasil.

Profa. Dra. Enga.Marcia Angela
Nori

Presidente do SENGE -BA

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