“O Brasil não será soberano sem enfrentar a desigualdade”, diz Alexandre Padilha

“O Brasil não será soberano sem enfrentar a desigualdade”, diz Alexandre Padilha

Com realização do Senge-BA, do projeto SOS Brasil Soberano da Fisenge e  APUB Sindicato, a palestra ministrada por Alexandre Padilha, ex- ministro da Saúde e Relações Institucionais, abordou o tema conjuntura e soberania nacional. O evento ocorreu na última sexta-feira (27), na sede da Apub – Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia.

O presidente da Senge-BA  e vice-presidente da Fisenge, Engº Civil Ubiratan Félix, se posicionou em relação a prática de manter o Brasil como exportador de commodities: “O Brasil está abrindo mão de ter tecnologia, e isso tem um impacto também na universidade”, afirmou. Ele acredita que a nação brasileira corre perigo, mas que ainda não se deu conta da gravidade do problema. ‘O governo Temer é um governo sem amanhã, ele vende tudo’. E completou lembrando que este é o primeiro de uma série de debates que têm como objetivo discutir um projeto de país com pessoas de diversos segmentos políticos.

Alexandre Padilha abriu o debate afirmando que o golpe de 2016 não teve apenas o objetivo de alijar do poder um determinado grupo político, mas também reimplantar uma agenda de orientação neoliberal que havia sido interrompida. “É a mesa agenda política de FHC, que pensa em inserir o Brasil de forma subalterna no mercado internacional”. Não é por acaso, afirmou o ex-ministro, que as medidas de desmonte do Estado e retirada de direitos estejam sendo implantadas com tamanha velocidade: “Eles já tinham preparado diagnósticos de desmonte do patrimônio nacional”, disse.

Padilha explicou que, tradicionalmente, para obter a soberania nacional são necessários três elementos: território, segurança energética e segurança alimentar. No entanto, acrescenta o povo como mais um pólo decisivo na discussão, mas que muitas vezes é desprezado. Para ele, não existe nação soberana sem o povo poder exercer todo seu potencial, que pode ser continuado e estimulado. Para ele, somente investimentos sociais que possam atacar o problema da desigualdade podem sustentar um desenvolvimento de longo prazo, considerando que o Brasil ainda é um país de renda média: “políticas sociais, em um país como o Brasil, não são só garantia de direitos, são estratégias de desenvolvimento; por exemplo, investir em saúde é investir em um setor que tem capilaridade – investir em saúde enquanto direito é ter um mercado de 200 milhões de brasileiros”, disse. Ao criticar a elite econômica nacional que, segundo ele, nunca tentou construir um projeto de país, Padilha afirmou que “o Brasil não vai se tornar rico e soberano sem enfrentar a desigualdade” e que a defesa da soberania passa pela defesa do povo brasileiro.

Ainda, para a construção de um país soberano, é necessário proteger o território nacional. Nesse ponto, o ex-ministro expôs suas críticas ao desguarnecimento da região da Amazônia, à tentativa de liberar a exploração mineral na Reserva Natural do Cobre (RENCA) e às ações de reconhecimento do exército norte-americano na Amazônia. Em relação à segurança energética, Padilha trouxe um breve histórico do marco regulatório do pré-sal e fez da defesa da exclusividade da Petrobrás como operadora, uma vez que o pré-sal é uma oportunidade única para o país dar um salto de desenvolvimento: “o ataque ao pré-sal é o mais decisivo em relação às nossas possibilidades de futuro”, afirmou. Sobre a segurança alimentar, ele lembrou que, além da capacidade de produzir alimentos, é importante manter os hábitos alimentares da população. Defendeu a necessidade de pensar que tipo de alimentação está sendo produzida e qual modelo econômico oferece as melhores possibilidades para que se possa ter agricultura familiar e alimentação de qualidade: “a padronização dos alimentos serve apenas ao agronegócio”, afirmou e disse ainda que o poder de compra do Estado deve ser utilizado para estimular uma cadeia produtiva alternativa.

Ao finalizar, Padilha lamentou que os governos progressistas não tenham compreendido a centralidade de fazer uma mudança no sistema político do Brasil e indicou quais seriam, para ele, os pontos centrais de luta que mais devem concentrar os esforços das categorias: o “Fora Temer”, o enfrentamento à Reforma Trabalhista e à proposta de Reforma da Previdência.

O debate foi uma iniciativa do Senge-BA e faz parte do projeto SOS Brasil Soberano que tem como objetivo promover uma série de debates pelo país, com intuito de estabelecer estratégias para retomada do desenvolvimento nacional. Na Bahia, o projeto tem a parceria do Senge-BA e Apub Sindicato.

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